Fazer o bem sem ver a quem é o que este senhor vem fazendo durante anos na sua vida, quando presidiu e foi voluntário do Centro Cultural Louis Braille, uma entidade que já atendeu 10 mil deficientes visuais.
“Eu admiro o voluntariado, as pessoas que se dedicam a esse tipo de obra.”
O Centro Cultural Louis Braille foi criado em 26 de agosto de 1969 para desenvolver a autonomia dos deficientes visuais. Tudo começou com um internato chamado Instituto do Cego Trabalhador, onde as pessoas com essa deficiência fabricavam vassouras. Posteriormente, um grupo de senhoras de um colégio em Campinas, liderado por Lúcia do Amaral, decidiu fundar uma entidade com um foco mais cultural. E assim, nasceu o Centro Cultural Louis Braille em Campinas que tem como objetivo alfabetizar crianças cegas.
Além de ler e escrever, lá eles aprendem a se locomover na rua, a manusear os utensílios da cozinha para cozinhar sozinhos e, com o tempo, tornam-se cada vez mais independentes. No início, vinham das escolas ou do trabalho com o material que as voluntárias traduziam para o Braille e, assim, podiam dar continuidade aos estudos e à profissão. Hoje, esse atendimento é feito com a ajuda da informática.
Com o auxílio de assistente social, pedagoga, psicóloga e outros profissionais, o centro foi se desenvolvendo. Atualmente, 8 assistentes atendem a todas as necessidades de 87 deficientes visuais que já formaram até uma banda! Enquanto uns cantam, outros tocam instrumentos.
Demarco trabalhou muito tempo na instituição, foi presidente durante 4 anos e hoje faz parte do conselho. Por isso, sabe melhor do que ninguém os desafios que uma entidade como essa enfrenta todos os dias. O maior deles é conseguir manter o atendimento, pois ao ficarem mais velhos, os assistidos deixam de frequentar o lugar.
Para reverter a situação, ele tem o sonho de um dia colocar em prática um projeto de atendimento residencial.
Nele, todo o ensinamento que geralmente é dado no centro seria feito nas casas. Então, os cegos aprenderiam a se locomover dentro de casa e haveria mais orientação para os familiares sobre como conviver com essa deficiência na prática, tendo o cuidado, por exemplo, de não deixar portas fechadas, gavetas abertas ou objetos no meio do caminho.
Esse é apenas um dos muitos sonhos, ideias e ideais que ele ainda tem. É isso que não o deixa parar de lutar pelos direitos de quem enxerga o mundo com outros olhos. É isso que o torna uma mente tão diferente.