Irmã de Ronaldo Esperança, uma mente diferente e um dos fundadores da Rae,MP, ela sabe que a realidade de pessoas excepcionais, caracterizadas por aspectos mentais fora do padrão da normalidade, não é tão boa. Por isso, tenta tornar o dia delas mais alegres na Associação Amigos dos Excepcionais.
“Todos os excepcionais são carinhosos. Todos os excepcionais que encontrar, dê carinho a ele que ele vai te retribuir. A alma dele é carinhosa.”
Quando a irmã de Lurdes nasceu, ela e sua família foram em busca de escolas que atendessem crianças excepcionais. Não encontraram, pois não havia escolas voltadas a esse público naquela época. Contudo, acharam outras pessoas na mesma situação e decidiram resolver o problema sozinhas. Foi aí que há 35 anos fundaram a Associação Amigos dos Excepcionais.
No início, alugaram uma casa aonde levavam os filhos excepcionais para se socializarem e aprenderem a ler e a escrever. Quem os ensinava eram as próprias mães, que se revezavam na função. Com o tempo, o espaço ficou voltado ao convívio social. Hoje em dia, 10 funcionários cuidam de excepcionais e proporcionam a eles uma vida digna.
O dia começa cedo para os atendidos, que acordam e vão tomar café da manhã. Depois, eles leem revistas e ouvem música. Alguns até dançam! Após a refeição, dormem um pouco, assistem à televisão e jantam. Em épocas festivas, alguns voluntários vão para lá vestidos de Papai Noel, Coelho da Páscoa ou outro personagem para divertir as crianças, que adoram visitas assim.
Porém, infelizmente, nem tudo são flores. Embora bem cuidados pelos funcionários da associação, são pessoas que, muitas vezes, são abandonadas pelas famílias. Como eles estão alcançando uma idade mais avançada, os pais envelhecem e acabam falecendo antes deles. Além disso, a grande maioria dos irmãos ou já foi embora ou está doente ou não quer assumir.
Encarar essa falta de apoio tanto dos familiares quanto de outras pessoas é o grande desafio da associação Amigos dos Excepcionais. Em uma época, foi tão difícil que ela quase fechou a associação. O que a motivou a permanecer? Não saber onde nem com quem deixar as crianças que estavam sob sua responsabilidade. Por eles e pela irmã, ela encontrou a força de que precisava para encarar as dificuldades do dia a dia e sonhar, sonhar com a ajuda de mais voluntários e a ampliação do atendimento.
Não é só por amor à irmã que Lurdes desempenha esse trabalho tão brilhante, é também por amor a todos aqueles excepcionais que foram abandonados pelas famílias e não têm nem para onde ir. Por acolher todas essas pessoas e dedicar tanto amor e carinho a elas, ela é uma mente excepcionalmente diferente.