Psicanalista e fundadora do Projeto Ponte, ela é uma imigrante argentina que veio para o Brasil muito jovem por questões políticas. Ao chegar aqui, ela não teve ajuda psicológica e nem outro tipo de apoio. Segundo ela, esse processo foi bem difícil. Além da língua, há o choque cultural e a perda dos amigos e familiares.
“Quem eu sou afinal de contas? Sou quem eu fui ou quem eu serei?”
Oficializado em 2010, o Projeto Ponte oferece apoio psicológico e psicanalista a imigrantes e refugiados. Muitos deles chegam debilitados não só fisicamente, como também psicologicamente. Muitas vezes, sofreram na guerra e viram suas famílias serem assassinadas, foram vítimas de boicotes financeiros e tiveram documentos roubados ao tentar sair da sua realidade e buscar uma melhor. Por terem passado por tamanho trauma, precisam de alguém que os escute, dando a eles voz e lugar para que possam reconstruir sua história. Um desses casos foi de um imigrante doente que tentou procurar tratamento em diversos países no continente africano. Não achando, veio sozinho ao Brasil. Ao chegar aqui, os médicos do hospital acharam que ele estava com ebola e, por isso, mantiveram-no isolado. Porém, não era ebola que ele tinha.
Em situações como essa, o Projeto Ponte vê a importância de ter alguém que olhe e escute essas pessoas. O maior sonho do projeto é que o respeito às diferenças, a coexistência entre culturas e a possibilidade de viver e conviver na cidade façam parte da realidade de quem procura abrigo por aqui. Afinal, eles querem ver e ser vistos. O grande desafio enfrentado pela Liliana é tornar o projeto cada vez mais visível e, com isso, ajudar o maior número de pessoas.
A coragem de Liliana a fez reconstruir não só seus, mas também os sonhos de quem passou pela mesma situação. Isso a torna uma mente diferente.