Pescador e fundador da OSCIP Doutores das Águas, que teve início em abril de 2011. Nessa primeira viagem embarcaram 6 voluntários e uma imensa vontade de prestar ajuda.
“Quem entra num projeto social para querer notoriedade está com foco errado. Não é esta a moeda.”
Doutores das Águas começou com a observação de uma carência na Amazônia. Sempre que Rubens ia pescar, percebia que o ribeirinho era desassistido pelo poder público. Ele levava remédio todo o ano, mas era uma ajuda esporádica. Até o dia em que uma senhora veio perguntar se havia algum médico no barco onde ele estava. E tinha. Ele se apresentou a ela, que reclamou das dores que sentia. Ele não tinha como fazer um diagnóstico na hora por falta de equipamento, mas tinha remédio na mala de pesca dele. E o médico deu a ela o medicamento, orientando quando e quanto ela precisava tomar. A senhora agarrou o remédio com tanto cuidado como se aquilo fosse a coisa mais preciosa do mundo e que iria fazer uma diferença enorme na vida dela.
Esse episódio emocionou quem estava a bordo. À noite, a conversa deles tomou um rumo que mudaria a vida de todo mundo: a criação da OSCIP. Hoje, com 8 anos de vida e 36 voluntários, a Doutores das Águas faz cerca de 14 paradas e presta atendimento médico e odontológico uma vez por ano a mais de 30 comunidades ribeirinhas.
Nessa caminhada, Rubens e sua equipe enfrentam diversos desafios. O maior deles atualmente é a falta de recursos. Por mais que continuem trabalhando, ele sabe que não vão resolver o problema dessas comunidades se não entrarem na questão do tratamento da água. Isso porque o rio é tudo: o banheiro, o chuveiro, onde se escova os dentes e pega água para beber e cozinhar. Para resolver esse tipo de problema, eles precisam de recursos e parcerias.
Outro desafio está muito atrelado ao sonho da OSCIP. O atendimento que faz é voltado à saúde, mas também faltam nessas comunidades melhor qualidade de vida, emprego e atividades para fazer. A Doutores das Águas sonha com o dia em que chegarão para uma comunidade e dirão: vocês estão prontos para seguir viagem sozinhos. Agora, podemos partir para outra região e ajudá-la. Enquanto isso, a OSCIP vai continuar trabalhando e levando mais motivos para essas pessoas sorrirem.
Rubens teve um olhar diferente para esses ribeirinhos, um olhar de compaixão que despertou nele a vontade de ajudar. É isso que o torna uma mente diferente.