Músico, professor e jornalista. Desde muito novo tentava entender os conflitos vividos pela sociedade. Da vontade de ajudar o próximo, nasceu o GAS (Grupo de Atitude Social), um coletivo que age nas ruas de São Paulo com o objetivo de levar, não somente alimentos, à população de rua, mas também voz e esperança.
“Como eu costumo dizer para os nossos voluntários: a gente está muito mais perto da rua do que de uma vida de rico, muito mais.”
Quando soube da morte de quatro pessoas em situação de rua por conta do frio intenso em São Paulo, Christian Francis Braga só pensou em uma coisa: ajudar a um amigo que também vivia nas ruas. Era assim que o professor e jornalista considerava o morador que lhe cumprimentava todos os dias, próximo ao seu trabalho: como um amigo.
O episódio trágico aconteceu em São Paulo, numa das madrugadas mais frias do inverno de 2016. No entanto, os questionamentos de Christian sobre desigualdade começaram muito antes. Desde novo, ele se perguntava o porquê de haver tantas diferenças em seu convívio, algo que acontecia em seu bairro, em seu trabalho e, indo ainda mais longe, na nossa sociedade.
O GAS, Grupo Atitude Social, nasceu a partir de um gesto simples, mas que mudou, em um primeiro momento, a vida de Christian e de muitos voluntários que hoje fazem parte desse projeto. Ele reuniu tudo que não lhe era essencial em casa e entregou ao amigo, que por sorte não foi uma das vítimas daquela noite fria. A partir dali não parou mais de fazer o possível para ajudar outras pessoas que viviam naquela mesma situação.
No início, ainda sem a formalização do grupo, ele fazia publicações nas redes sociais solicitando ajuda. Dessa forma conseguia reunir doações de agasalhos e cobertores, além de voluntários para entregá-las. O grupo circulava todas as sextas-feiras pelo bairro de Santana, na Zona Norte, entregando as doações arrecadadas. Dali em diante o GAS se tornou um projeto que hoje atende mensalmente 4,5 mil pessoas em situação de rua, distribuindo kits com roupas, cobertores, alimentos e itens de higiene, além de algo que o fundador considera fundamental: carinho e atenção para essas pessoas.
Há pouco mais de um ano, o projeto também passou a atender dependentes químicos e do álcool, prestando ajuda àqueles que demonstram interesse em deixar o vício. Nesse período, deram início ao tratamento um total de 25 pessoas, com cinco já livres de dependência. De Santana, o grupo passou a circular por outros bairros da Zona Norte e não parou mais. Hoje, possui nove roteiros itinerantes pela cidade de São Paulo, outros cinco entre os municípios de Osasco, Barueri e Carapicuíba (na Zona Oeste) e em Mogi das Cruzes (no Alto Tietê).
Christian ainda tem inúmeros planos e sonhos para o GAS. Um deles é que o projeto tenha um espaço próprio para acolher o povo de rua, além de promover um trabalho terapêutico com animais abandonados, resgatados pelo próprio GAS, ajudando na ressocialização e na ressignificação da vida vulnerável, o tipo de ajuda que, como ele próprio afirma, se estivesse na rua gostaria de ter. O desafio de aquecer e dar carinho àqueles que estão nas ruas, em situação de fragilidade, é algo que Christian encara todos os dias. Isso é o que faz dele uma MENTE DIFERENTE.