Médica ortopedista pediátrica, ela se juntou com outros amigos para fundar o Instituto Remo meu Rumo, que usa o remo e a canoagem como ferramentas de reabilitação para crianças e adolescentes com deficiências físicas.
“Às vezes, atos voluntários têm repercussão muito grande na vida do outro. Cada pessoa que você ajuda, cada criança, o impacto que dá na vida dela é para sempre, é muito grande.”
Há 5 anos, uma ideia que surgiu no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas tomou forma e se concretizou nas raias olímpicas da USP. Na época, Patrícia percebeu que muitos pacientes precisavam fazer mais sessões de fisioterapia, mas elas não eram muito divertidas. Então, viu no esporte a solução. Foi aí que decidiu fundar com alguns amigos o Instituto Remo meu Rumo, que já atendeu mais de 100 crianças e adolescentes com alguma deficiência física.
São pessoas que têm, por exemplo, paralisia cerebral, doenças congênitas, traumas seguidos de amputação e não possuem controle do tronco. Enfim, elas têm pouca mobilidade e precisam do esporte para ter mais saúde. O remo e a canoagem dão a elas mais equilíbrio, autoestima, condicionamento e outros tantos benefícios físicos, emocionais e sociais. Algumas começam a ser mais independentes e outras até passam a usar o transporte público sozinhas, coisas que não faziam antes.
Para alcançar tantas conquistas, os desafios não são poucos. O maior deles é o transporte da casa dos atendidos à USP. As crianças, muitas vezes, moram longe da universidade e dependem do transporte público para chegar. Isso dificulta e muito a locomoção deles. Outro desafio é motivar crianças e adolescentes que não recebem o mesmo apoio em casa.
Embora existam dificuldades para o trabalho, os ganhos que ele traz são bem maiores do que qualquer outro empecilho. Nada motiva mais a Patrícia a continuar nessa missão do que ver, com os próprios olhos, as pequenas e grandes conquistas de cada atendido.
Além disso, ela tem sonhos e muita força de vontade para persistir neles. O maior deles é ampliar o instituto, dando a mais pessoas nessa situação a oportunidade de fazer parte da fisioterapia em um ambiente esportivo, ao ar livre, que permita tanto a quem pratica quanto a quem acompanha aproveitar as belezas da natureza. Atualmente, uma equipe de fisioterapeutas, psicólogos e educadores físicos ficam à disposição de 40 a 50 crianças e adolescentes nas raias da USP. A ideia é aumentar esse número.
Patrícia juntou o útil ao agradável para ajudar quem precisa. Para isso, além da ideia, foram necessárias muita dedicação, garra e vontade de doar tempo e disposição ao próximo. Tudo o que ela tem de sobra e o que a torna uma mente diferente.